Em muitos países, o verão é a época em que muitos jovens se predispõem a experiências de trabalho voluntário. Por isso, neste mês de junho, o Conselheiro Geral para as Missões, P. Alfred Maravilla, compartilha algumas reflexões sobre o significado cristão e salesiano do voluntariado.
Nas últimas décadas, o fenômeno do voluntariado teve um desenvolvimento considerável, não apenas entre os jovens, mas também entre profissionais e aposentados. O que é realmente o voluntariado?
Acima de tudo é importante recordar que pessoas de todas as idades realizam atividades simples que são sinônimo de voluntariado, como ajudar em abrigos para os sem-teto, treinar uma equipe esportiva, trabalhar como guia em museus ou participar de um serviço comunitário de limpeza de bairro. Atualmente, a maior parte do voluntariado ocorre no âmbito de uma determinada organização ou grupo. Seu objetivo é fazer algo em benefício dos outros. Estes “outros” podem ser a sociedade, um grupo específico de pessoas ou uma causa.
Por sua própria natureza, o voluntariado é um serviço gratuito, que se presta por vontade própria, para ajudar e apoiar indivíduos ou grupos, por filantropia, motivos religiosos ou pessoais. Estudos recentes indicam que as gerações mais jovens se dedicam ao voluntariado devido aos benefícios que a experiência pode trazer à sua vida pessoal ou profissional. Alguns gostam de servir oferecendo uma mão a algumas causas para as quais têm afinidade. Outros preferem utilizar as competências nas quais se formaram para defender algumas causas, enquanto outros ainda se oferecem como voluntárias para organizações relacionadas à fase de vida em que se encontram.
Certamente voluntariado não muda o mundo, mas oferece aos indivíduos a oportunidade de fazer uma diferença real por meio do serviço gratuito. Eles dedicam tempo, energia e talentos movidos por um desejo genuíno de fazer a diferença e criar um futuro melhor para todos. Assim, os voluntários desempenham um papel essencial na promoção de mudanças positivas no mundo que os rodeia.
O voluntariado também tem um custo. Os voluntários dedicam seu tempo, talentos e, por vezes, até mesmo recursos pessoais aos seus projetos de voluntariado. É “um trabalho árduo” que “impacta a vida quotidiana de uma pessoa”. Por vezes, os voluntários “dão” muito de si, o que pode levá-los a uma sobrecarga e causar estresse, esgotamento ou exaustão. No entanto, o voluntariado é uma via de duas mãos. Prestar um serviço gratuito tem um efeito profundo e duradouro, não apenas nas pessoas recebem a ajuda, mas também nos próprios voluntários.
O voluntariado é uma excelente oportunidade para aprender algo novo. Os voluntários adquirem uma mentalidade mais alargada e aumentam a flexibilidade, a resiliência, a autoconfiança, a sensibilidade intercultural e o desenvolvimento da empatia, da compaixão e da sensibilidade às preocupações sociais. Para alguns jovens, o voluntariado representa uma meta para atingir seus objetivos e traz entusiasmo à vida, além de esclarecer e reforçar a sua atenção em relação a uma determinada carreira profissional.
O voluntariado de inspiração cristã nasce da convicção que a pessoa humana é “imagem e semelhança” de Deus que se revelou em Jesus Cristo, entrando na história de forma gratuita e humilde, e ensina que a caridade é o princípio da relação entre Deus e a humanidade e dos homens entre si. O voluntariado oferece a cada discípulo missionário a possibilidade de viver o apelo evangélico ao serviço na vida quotidiana e não apenas em situações de emergências.
O voluntariado é uma forma de viver concretamente um princípio-chave da Doutrina Social da Igreja: a solidariedade. A solidariedade é a convicção de que a prática da Caridade implica na preocupação com todos - especialmente com os pobres. Como família humana de filhos de Deus, continuemos a trabalhar em conjunto na criação de estruturas sociais e econômicas que permitam a todos a igualdade e dignidade e, ao mesmo tempo, a cura e a conversão, independentemente da nossa origem étnica, econômica, ideológica e religiosa.
O Papa Bento XVI salientou que o voluntariado é uma experiência pessoal do amor generoso de Deus em Jesus Cristo que nos desafia a servir os nossos irmãos e irmãs com a mesma atitude. “O voluntariado católico não pode responder a todas estas necessidades, mas isso não nos desencoraja. ... O pouco que nós conseguimos fazer para aliviar as necessidades humanas pode ser visto como uma boa semente que irá crescer e produzir muito fruto; é um sinal da presença de Cristo e de amor que, como a árvore do Evangelho, cresce para dar abrigo, proteção e força para todos os que necessitam”. (Discurso no encontro organizado por "COR UNUM", 11 de novembro de 2011).
Dom Bosco promoveu diversas formas de voluntariado entre os seus jovens do Oratório de Valdocco. Um dos exemplos mais marcantes ocorreu durante a epidemia de cólera que atingiu Turim do dia 1 de agosto a 21 de novembro de 1854, matando 1.400 pessoas. No entanto, nenhum dos jovens do Oratório enviados por Dom Bosco para cuidar das vítimas da cólera foi contaminado. Hoje, este exemplo é mantido por meio do “Voluntariado Missionário Salesiano” como um serviço de solidariedade, prestado livremente por um jovem (17-35 anos), motivado pela fé, enviado e acolhido por uma comunidade, com um estilo missionário e segundo a pedagogia e a espiritualidade de Dom Bosco. Convide os jovens a fazer algo significativo para Deus por meio do VMS!
Para refletir e partilhar
Me ofereço facilmente como voluntario para servir os outros?
O que sei sobre o Voluntariado Missionário Salesiano?