A Igreja nos convida a conhecer mais a fundo Bíblia

Estamos em setembro, e no Brasil já é uma tradição que este mês seja lembrado como o “Mês da Bíblia”. Setembro foi escolhido pelos Bispos do Brasil como o Mês da Bíblia em razão da festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30.

São Jerônimo, que viveu entre 340 e 420, foi o secretário do Papa Dâmaso e por ele encarregado de revisar a tradução latina da Sagrada Escritura. Essa versão latina feita por esse santo recebeu o nome de Vulgata, que, em latim, significa “popular” e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia até os nossos dias.

Ao celebrar o Mês da Bíblia, a Igreja nos convida a conhecer mais a fundo a Palavra de Deus, a amá-la cada vez mais e a fazer dela, a cada dia, uma leitura meditada e rezada. É essencial ao discípulo missionário o contato com a Palavra de Deus para ficar solidamente firmado em Cristo e poder testemunhá-Lo no mundo presente, tão necessitado de Sua presença. “Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. Se queremos ser discípulos e missionários de Jesus Cristo  é indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus. É preciso fundamentar nosso compromisso missionário e toda a nossa vida cristã na rocha da Palavra de Deus” (DA 247).

Em 2022, o livro bíblico escolhido para aprofundamento no mês da bíblia é o de Josué.

A TERRA É DOM E CONQUISTA

Josué foi um homem de fé. Ele soube inculcar aos israelitas o amor ao Senhor e a dependência dele, e foi umexemplo para todo o povo. Viveu bastante tempo para ensinar as leis divinas à geração estabelecida em Canaã,e morreu com a idade de 110 anos. Todo os anos, por ocasião do Mês da Bíblia, a

Comissão para a Animação Bíblico-Catequética propõe um texto de estudo para oportunizar “a mais ampla educação bíblica possível”. Em 2022, o livro escolhido é o de Josué e o lema bíblico inspirador é “O Senhor, teu Deus, estará contigo por onde quer que vás” (Js 1,9).

O “Mês da Bíblia” é uma atividade da Igreja do Brasil, iniciada em 1971, e pretende ser um tempo privilegiado para aprofundar o estudo de um livro ou uma temática bíblica. O motivo principal para a escolha do Livro de Josué é a comemoração dos 200 anos da “Independência do Brasil” (1822).

Desse modo, esperamos também refletir sobre a importância da terra na nossa história, alimentar a esperança e perceber em toda a trajetória do povo brasileiro a presença benevolente de Deus.

O livro de Josué relata acontecimentos situados no séc. XIII a.C. a conquista e a partilha de Canaã, a Terra Prometida, pelas tribos de Israel. À primeira vista, o livro apresenta a tomada global da Terra, feita por uma geração. Isso se deve à idealização do autor. A conquista foi, de fato, um processo longo e lento, ora pacífico, ora violento, que só terminou dois séculos mais tarde, com o rei Davi. Dentro da classificação dos livros da Bíblia, encontramos o livro de Josué como um livro Histórico com vinte e quatro capítulos, juntamente com Juízes e Rute.

O conteúdo pode ser dividido em três partes. Na primeira (Js 1-12), temos a conquista. Os acontecimentos se dão numa área limitada e têm como pano de fundo o santuário de Guilgal, próximo de Jericó; como esta cidade está no território da tribo de Benjamim, é provável que as narrativas provenham de tradições cultivadas no âmbito dessa tribo e, talvez, da tribo de Efraim. A preocupação é fortemente etiológica (do grego aitía: causa), procurando explicar fatos, nomes de lugar, edificações e ruínas para uma geração que vive muito tempo depois (“...até o dia de hoje”).

A segunda parte (Js 13-21) apresenta a partilha da Terra entre as tribos, servindo-se de documentos geográficos que descrevem as fronteiras das tribos e que remontam à era pré-monárquica, e de listas de lugares e cidades, provenientes do tempo da monarquia. O capítulo 21 é talvez um acréscimo feito no pós-exílio.

A terceira parte (Js 22-24) apresenta o fim da vida de Josué e consta de três conclusões: retorno das tribos transjordânicas para seus territórios (Js 22); último discurso de Josué (Js 23); aliança em Siquém e morte de Josué (Js 24).

O livro não é uma crônica, mas uma interpretação dos fatos para mostrar o significado da conquista de Canaã. A personagem principal é a Terra Prometida: Deus realizou a promessa feita aos patriarcas e renovada aos seus descendentes. O povo foi libertado da escravidão do Egito para ser livre e próspero na Terra que Deus ia dar (Ex 3,7-8). Portanto, por trás das longas2 e minuciosas listas de lugares devemos ver a alegria e a gratidão pelo dom de Deus. E um fato chama a atenção: o povo teve de conquistar a Terra que Deus lhe dera. Deus concede o dom porém não suprime a liberdade e a iniciativa do homem. Pelo contrário, supõe e exige que o homem busque e conquiste o dom de Deus. Assim, a Terra é fruto da promessa e dom divinos e, ao mesmo tempo, da aspiração e da conquista do homem. Em outras palavras, Deus promete por dentro das aspirações do homem, e realiza seu dom por dentro das conquistas do homem.

O livro de Josué constitui, portanto, um insuperável tratado sobre a graça de Deus, que é a base da vida e da história. A graça não é dom paternalista de Deus, deixando o homem passivo. Ela é o dom que Deus faz das possibilidades já contidas na estrutura de toda a criação, e principalmente da pessoa humana. Sem a atitude livre e responsável que procura descobrir, tomar posse e endereçar as possibilidades, o homem jamais encontrará a graça. A vida é o dom de Deus que o homem deve descobrir e conquistar. Tudo se concretiza na tensão histórica que existe entre o presente efetivo de Deus, que abre seu dom nas possibilidades, e o presente-futuro do homem que busca, descobre, toma posse e dá endereço ao dom de Deus. E, para que o dom se torne vida concreta, Deus propõe uma só condição: que o homem seja e continue sempre seu fiel aliado.

Esboço do Livro

Josué 1–6 Os filhos de Israel atravessam milagrosamente o Rio Jordão e entram na terra prometida. Iniciam a conquista da terra, destruindo a cidade de Jericó.

Josué 7–12 Israel perde a batalha contra o povo de Ai devido à desobediência. Depois de se arrependerem, os israelitas prosperam em batalha, pois o Senhor luta com eles. Eles assumem o controle da terra prometida.

Josué 13–21 A terra prometida é dividida entre as tribos de Israel. Contudo, nem todos os habitantes iníquos são retirados da terra. Os israelitas armam o tabernáculo num lugar chamado Siló. Certas cidades são designadas como cidades de refúgio.

Josué 22–24 Antes de sua morte, Josué exorta o povo a ter coragem, a guardar os mandamentos de Deus e a amar ao Senhor. Ele e o povo fazem convênio e escolhem servir somente a Deus. Josué e Eleazar, o terceiro filho de Aarão, morrem.

Texto pesquisado e adaptado por Edilson Agreson da Silva,SDB.

Consultas para leitura e adaptação do texto

1. Bíblia Sagrada: Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 1990.2. BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.https://www.amazon.com.br/Senhor-Deus-est%C3%A1-contigoandes/dp/6558081113/ref=sr_1_1?adgrpid=128742211095&gclid=Cj0KCQjwjbyYBhCdARIsAArC6LKUjPB_5WSgXInHNyBO79n4HQW_njeWOFBXj7V91UCzqckZQvD1WEaApnzEALw_wcB&hvadid=593184319081&hvdev=c&hvlocphy=9101022&hvnetw=g&hvqmt=e&hvrand=3189302925381140376&hvtargid=kwd1636884500280&hydadcr=28234_14542310&keywords=m%C3%AAs+da+b%C3%ADblia+2022&qid=1661983770&sr=8-1http://www.paulus.com.br/bibliapastoral/_INDEX.HTM?

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