A Comissão Nacional de Comunicação Salesiana (CONAC) formada pelos Delegados Inspetoriais de Comunicação realizou na manhã desta quarta-feira (29/11) o Fórum Salesiano de Comunicação. O evento on-line reuniu 80 pessoas que atuam direta ou indiretamente na área da comunicação nas presenças salesianas das seis Inspetorias do Brasil e teve a participação do Conselheiro Geral para a Comunicação Social, P. Gildasio Mendes. O objetivo foi aprofundar o documento “Caminhar com os Jovens na Cultura Digital”.
De acordo com o Coordenador do CONAC, P. João Carlos Ribeiro, o Fórum Salesiano de Comunicação é uma continuação dos trabalhos e estudos realizados há meses durante a Escola Salesiana de Comunicação. “A proposta vai na linha do ‘Fórum Dom Bosco’, um espaço criado pelos salesianos para reunir jovens e educadores para tratar do tema da comunicação”, afirmou o P. João Carlos, na abertura do Fórum.
Os trabalhos começaram com a oração e meditação propostas pelo Delegado Inspetorial para a Comunicação da Inspetoria de Porto Alegre, Thiago Caminada. O grupo rezou unido a oração do comunicador, baseado na tradicional ‘Oração de São Francisco’.
O Conselheiro Geral para a Comunicação Social, P. Gildasio Mendes, autor do documento aprofundado, fez uma pequena introdução ao tema. Ele lembrou que o Brasil hoje é uma das referências mundiais da comunicação salesiana. Por isso destacou a importância da realização do Fórum. “Este fórum é um espaço de sinodalidade. Momento para escutar o que os leigos têm a falar como foi a proposta do ‘Dom Bosco Digital Fórum’. Este é o primeiro grupo na congregação que se reúne para aprofundar o documento”, afirmou.
Em seguida, fez uma contextualização do momento atual em todo o mundo, quando a comunicação é uma ferramenta fundamental para empresas e governos, o que não pode ser diferente também dentro da Igreja e da Congregação Salesiana. “A comunicação hoje digital e a inteligência artificial são o centro, o motor que comanda as sociedades. A economia, a politica, a religião, a sociedade e, até a guerra, dependem da comunicação. Comunicação é geopolítica, economia, gestão, é tudo. Todos os grandes políticos no mundo pensam em primeiro lugar em como gerir a comunicação”, declarou.
Padre Gildasio apontou para a necessidade de fazer uma contextualização do momento da comunicação também no mundo salesiano, porque os impactos das ações de comunicação realizadas, mesmo no menor ambiente de uma presença salesiana, têm impactos semelhantes aos das grandes corporações e governos pelo mundo. “Atenção aos que fazem as notícias na sua inspetoria, porque têm um grande poder de interpretar e publicar as notícias. O digital é poder, é comunicação, é rede. Este é o primeiro princípio”, alertou indicando a tecnologia da inteligência artificial como um fator sensível a ser estudado e treinado para utilizar como ferramenta de comunicação nos ambientes salesianos. “Como comunicadores, é importante ler e orientar os Inspetores sobre como nos preparar e dialogar bem com a inteligência artificial. Identificar qual é a ética (da I.A.) para o mundo, quais são os valores que ela agrega”, orientou.
Em seguida, os participantes do Fórum foram divididos em grupos para aprofundar e apontar os itens que consideraram mais relevantes do documento. Entre as conclusões apresentadas das reflexões pode-se destacar a necessidade de que todo salesiano, religioso ou leigo, por ser um comunicador conforme o carisma de Dom Bosco, precisa conhecer e dominar a linguagem do mundo digital, encontrar as crianças e jovens nesse mundo virtual e realizar o ‘sacramento da presença’, com ‘amorevolezza’, para incutir os valores salesianos na vida real, que continua apesar do mundo digital.
Um dos grupos também fez uma análise das mídias digitais com o ‘mito da caverna’, de Platão. “Isso levou a nos questionarmos como nós, salesianos, "projetamos" a nossa sombra a ponto de ajudar o jovem a compreender a realidade em que ele se encontra, seja por meio do desenvolvimento do senso crítico, da busca pela verdade e da ética”, afirmou o Tirocinante salesiano Joshua Gabriel Ribeiro, em nome de um dos grupos.
Após as apresentações dos grupos, o P. Gildasio fez uma conclusão em que lembrou que o mundo da comunicação é sempre ambíguo e contraditório. “O mundo hoje está buscando o básico. O mundo digital precisa trazer o jovem para o real. As pessoas querem uma família, querem caminhar nas ruas. As pessoas estão cansadas de ficar sentadas à frente do computador”, afirmou.
Outro ponto destacado pelo Conselheiro Geral para a Comunicação Social foi a identificação de que, assim como em um mundo real, a validação dos conteúdos dentro do mundo digital se dá pelos critérios de originalidade, veracidade e criatividade. “O evangelizar no mundo digital é partilhar no mundo on-line o que é original, autêntico e verdadeiro, e que é fruto de uma experiência, tal como visitar uma favela, os doentes, os pobres. A força evangelizadora no mundo digital deve nascer da experiência. Toda vez que um grupo de jovens fala a partir de uma experiência, consegue evangelizar on-line”, declarou.
Na finalização, P. Gildasio apresentou um esquema para identificar os níveis de comunicação a partir de Jesus Cristo, adotado como modelo para uma comunicação eficiente e autêntica. São cinco níveis:
5) Multidão - Jesus proclamou as bem-aventuranças para uma multidão, mas nem todos o entenderam, apesar da mensagem ser clara.
4) Grupo escolhido – Jesus falou para os 72 discípulos, um grupo em que conhece mais as pessoas, selecionadas pela confiança. Foram os primeiros evangelizadores.
3) Os doze apóstolos – Jesus chama cada um pelo nome, trabalha uma comunicação de grupo restrito, em que há muito mais comprometimento.
2) Os mais próximos – Jesus, na transfiguração proporciona a um grupo muito mais próximo uma comunicação mais profunda, interpessoal.
1) Pessoal – Jesus conversa com Madalena, com a Samaritana, com Nicodemos e realiza uma comunicação totalmente pessoal.
“Quando vamos comunicar no mundo digital, precisa ter atenção a esses níveis para não ter decepção. Esses critérios podem ajudar a desenvolver a comunicação digital. É preciso trabalhar nos diversos níveis. Humanizar o mundo digital, criar espaços para as pessoas criarem as experiências de comunicação”, finalizou.